This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

sábado, 27 de julho de 2013

Coração gelado

Um comentário:
Daí ela diz, "meu coração está congelando".

Nem o frio polar, nem o frio mais antártico possível... Nem o frio de Plutão poderia congelar aquele coração. Mas ela diz, "meu coração está congelando". E eu acredito. Acendamos uma lareira do tamanho do mundo- mas isso bastará?

E não é só. Ela prossegue, "se você está com alguém, sente falta de espaço, de liberdade, se está solteiro, às vezes sente falta de alguém". Entendo essa contradição. E, por isso, não a recrimino. Já me senti assim muitas vezes. Essa sensação, a de uma pedra gelada, e não um órgão vivo, batendo no peito. Não é uma sensação agradável: parece haver apenas escuridão ao redor onde, na verdade, haveria cor. Mas já não há cores senão o cinza do coração gelado.

Queria dar cor a esse mundo. Aquecer esse coração, devolver-lhe a vida. Fazê-la sorrir e, olha só, ela que reclama do gelo pode, ela mesma, com um mero sorrir incendiar esse mundo.

sábado, 13 de julho de 2013

Você sempre trazendo música

3 comentários:
E ela diz
"você sempre trazendo música
para nosso papo"

e é verdade

letra
melodias, acordes
versos
sustenidos, bemol, menor, maior e à sétima

sempre entre nós
em nossas conversas

no som da voz dela

em gemidos e suspiros

pela madrugada é tudo música

ela sempre
minha
acústica

o nome é sonoro

toda a sinfonia
é pensar nela.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Fantasmas que um dia amei

Um comentário:
Como um homem que, no leito de morte, rememora os tempos vividos, eu, agora, também olho para trás. E, vindos do passado, surgem, vaporosos, fantasmas que um dia amei. Todas elas: Vanessa morena, Cecília, Gisela que não chegou a ser, Mirna que tira o chão de nossos pés, e, na distante torre de mármore, Alice da melancolia lunar.

Há outras? Sim, vivas na lembrança do toque, da voz, do cheiro. E do olhar, às vezes o mero olhar, naquele momento em que, casualmente, olhares se encontram. Há orgasmos que esquecemos, há olhares que carregamos como marcados a brasa. Também esses fantasmas sutis vêm à tona, e o tempo lhes deixa ainda mais sutis, mais efêmeros, como algo escoando, lenta, mas inexoravelmente, pelo ralo. Estão aqui, os fantasmas, mas o tempo vai tragando-os. Tento segurá-los ao máximo.

No leito de morte do meu coração, rememoro os tempos vividos. Gosto de rememorar, mesmo estando no leito de morte, por isso tento segurá-los ao máximo. Fazem com que eu ainda me sinta vivo. É que hoje, restados o fel e a desilusão, elas todas, esses velhos fantasmas, acenam de uma época em que eu acreditava na vida.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Uma coisa interessante quando pensamos nelas

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Uma coisa interessante
quando pensamos nelas:

nelas, bem entendido

as prostitutas, putas
meretrizes, mulheres de vida
fácil
e todos aqueles nomes que o povo lhes dá.

Essas que recebem para nos amar
e tudo bem que seja assim,
mediante paga ou não
orgasmos são orgasmos.

Mas a coisa interessante
sobre a qual quero falar
é a seguinte:

elas se deitam conosco
por momentos tão efêmeros
é rápido, fugaz

gozamos, pagamos

nunca tornamos a vê-las
seus nomes, não lembramos
a feição do rosto, também não

mas o perfume

e é sempre um perfume barato

fica em nós, em nossas roupas
ao longo do dia ainda o sentimos.

O gozo é passageiro
-essa é a coisa interessante
mas o perfume
é duradouro.

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