This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Pensava em escrever uma poesia sobre o mar

2 comentários:
Hoje me lembro que, mais cedo, pensava em escrever uma poesia sobre o mar. O motivo, prosaico, foi passar de ônibus pela orla. Foi o modo como as ondas quebravam, lenta mas resolutamente, que me despertou a inspiração. O branco da espuma e, principalmente, o desejo de sentir a maresia. Daria um bom poema.

Tinha o esquema na cabeça: verso a verso, estrofe a estrofe. Que bela poesia, pensei, será essa poesia sobre o mar. O branco da maresia e o desejo de sentir a espuma, o desejo branco e a espuma-maresia, a maresia-branca e o desejo-espuma, fusão lírica no fundo de rochas escuras. E o barulho do mar, e a ave no céu. E a areia, e... Verso a verso, estrofe a estrofe. Que belo mar, pensei, será esse mar de poesia.

Horas depois, ao tentar colocar o poema no papel, não consegui. Deu-se o branco, o branco da espuma. Deveria ter registrado da forma que pudesse, assim que os versos me vieram à cabeça, lá mesmo no ônibus, com qualquer lápis em qualquer papel, mas não o fiz: e agora desapareceram. Como a ave no céu os versos foram embora pra longe. Ou - e isso é mais violento e menos simpático - se chocaram, irremediavelmente, contra o fundo de rochas escuras.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Quando for assim você sabe

Um comentário:
Quando você estiver triste
E as luzes parecerem tênues
Da tristeza que vai fundo
O coração em pedra gelada convertido
Quando você sentir os membros
Congelados no espaço-tempo

Quando é assim, você sabe
Sem guru nem guia ou frase
Quando é assim, você sabe
Portas irremediavelmente trancadas

O grito caindo no vazio
No vácuo que envolve os planetas

E "consolo" é só palavra vazia, você sabe
Quando tudo foi mesmo em vão

E o que há é a névoa cinza
E cinza você sabe sempre foi a cor favorita
Quando as luzes mesmo tênues vão se apagando

E lembram alguma história ouvida na infância

(e as histórias da infância se esvanecem na memória,
você sabe)

Quando for assim
Bem, quando for assim você sabe
Basta abrir um blog
E derramar no post.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Para a lua de hoje à noite

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Entusiasmado pela lua, acabei atravessando na calçada errada. Nem percebi: ao menos olhei para os lados, caso contrário ainda seria atropelado em contemplação. Que grandioso disco de prata, circunferência perfeita tal qual graças ao compasso de um gigante. Flutuava no éter ou, antes, era como um furo na abóbada escura do céu. Havia profundos sulcos: os mares lunares -rima involuntária- dos astrônomos que o povo leigo dizia serem São Jorge e o Dragão, e, não posso deixar de levantar isso, talvez os leigos sejam não o povo mas os astrônomos. Há os sulcos na lua, em todo caso, e por lá deslizavam os marcianos pouco antes da Atlântida submergir lá pelo século oitavo de Avalon.

Sem perder a lua de vista sigo caminhando, agora entrando pela esquina do Fórum. O disco de prata parecia crescer e com ele subia o ritmo das marés- céu e oceano se interligam como só a natureza sabe. E, já defronte à grande estátua de Rui Barbosa, o farol lunar por cima de tudo, pensei em como era mesmo fácil para os antigos enxergarem naquilo um deus. Jaci para os nossos índios ou Diana dos romanos, a lua é como o olhar da divindade.

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