This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

quarta-feira, 29 de maio de 2013

É que chovia e senti

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Não havia  nada de mais
em estar ali
em pé
o que tornou ainda
mais especial
(no sentido de estranho)
ter lembrado dela.

É que chovia e senti
uma paz danada.

sábado, 25 de maio de 2013

Pegando chuva na Avenida Presidente Vargas

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A primeira impressão é a de gelo
conforme a chuva cai pesada.
É como quase estar nu em pelo,
Sentindo ao corpo a roupa molhada.

Sim, o corpo ensopado de frio treme
o vento castigando tal açoite;
no tempo somos navios sem leme
sob chuva, desafiando a noite.

No bolso, estragado, o documento
pela água tornado já disforme;
é de um sonho sombrio o sentimento
como o de alguém que, pelo ópio, dorme.

Estar sob temporal, portanto
é como um pesadelo gelado e irreal.
Não há silêncio, senão das águas o canto
e uma gripe danada no final.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ela me diz que acredita

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Ela me diz que acredita
em deuses deus gnomos duendes orixás
espíritos e essa coisa toda

(políticos honestos quem sabe)

eu, pior que são tomé
nem vendo crendo
acreditando em nada

digo "aham, aham"

mas nela, ah!, aí sim
Alice é uma deusa, escrevi aqui

nela estão meu
credo, bíblia, religião

anjos e serafins todos

Alice, ok, de joelhos
aqui estou
ok, acredito.

-Amém.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A única coisa que Alice pede

2 comentários:
A única coisa que Alice pede é
"seja sincero"
"não minta"
"diga sempre
o que você sente"

e são pedidos claros, calmos,
cristalinos como são

diamantes ao sol

não mentir, ser sincero
se é Alice pedindo
como recusar?

peço que respire, que exista

é mais ou menos por aí

o tipo de pedido
que ela faz

e por serem tão claros e calmos
eu, obviamente

nada posso fazer senão cumprir

viver, respirar, ser sincero
com Alice

ora, é isso

comer, beber,
ser sincero com Alice
respirar
sem isso
sem Alice

ou sem comer, beber, respirar
não há vida

ser sincero com Alice é, pois,
senhoras e senhores

nada mais que isso
nada mais que, ah, respirar.

sábado, 18 de maio de 2013

Mas nem isso ele é

Um comentário:
Os islâmicos dizem
"Deus é grande!"
Eu, que não acredito em Deus, diria
"O homem é grande!"
Mas nem isso
ele é.

sábado, 4 de maio de 2013

Na cama, eu, sozinho, me odeio

2 comentários:
Mirna é passado, mas como deixar de falar dela? O fantasma abre suas asas agourento. Mirna, que já foi solar, hoje me aparece sombria. Ainda assim é leve, apesar de estranho, conversar com Mirna tanto tempo depois.

Estranho!, ela mesma disse, "você é super-estranho, essa semana mesmo dei um tempo no meu relacionamento e você reaparece do nada". Oh sim, sim. É o destino, brinco. Que haveria de ser? Mirna solteira ao longo da semana, que perigo para o mundo. Guerras foram travadas por menos. Mirna em um relacionamento arrastaria homens à morte, sozinha, então, é o convite à 3ª Guerra Mundial. Sim, sou super-estranho, e ficamos nisso. Por que haveria outra coisa?

Mas Alice, com sua intuição feminina. Me pergunta, "e a moça...?" Basta isso, sei a quem ela se refere. Alice descobriu a história toda. Generosa, encara com serenidade (como é diferente de Cecília, meu deus, voltaremos a Cecília oportunamente). Alice soube de Mirna mas não há gritos ou rancor, ciúme ou desprezo. Soube de Mirna como saberia da existência de uma galáxia distante: existe, mas nada interfere na vida cotidiana.

Alice, em sua intuição: "E a moça...?". Eu: "Nunca mais vi. Passou, não sinto mais nada". Alice sorri.

Na cama, eu, sozinho, me odeio. "Mentiroso, mentiroso".


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