This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

quinta-feira, 28 de março de 2013

O jurista

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Para meu Amigo de letras jurídicas.
Jus est ars boni et aequi.

O quarto cheira a mofo, e isso
incomoda-
faz arder o nariz e espirrar.
O reboco, descascado,
ameaça cair sobre sua cabeça.
Há a umidade das paredes,
dos tacos do chão já
apodrecido.
Poeira, muita, se junta
à confusão do conjunto todo.
A estante periga cair:
sob o peso dos livros
se inclina, ameaçadora,
pregos e madeira em expressa
deterioração.
Um cabo de madeira a sustenta:
sem esse pequeno
subterfúgio
iriam ao chão estante, cadernos e livros todos.
Ao chão: onde ele já se sentou muitas vezes
quando já era difícil estar sobre as pernas.
Ainda assim, na estante inclinada pelo peso dos livros,
suspensa apenas pelo cabo de madeira improvisado
em meio ao mofo e ao reboco que cai
apesar da poeira e do piso úmido
ele, compenetrado,
olhos agudos e atentos
estuda em silêncio
Teoria Geral do Direito.


sábado, 16 de março de 2013

A deusa de pés de barro

Um comentário:
A propósito do comentário do amigo Nilo Reis, em outro post.

Alice é uma deusa, disseram, porém faltou acrescentar: uma deusa de pés de barro.

Conversávamos por telefone.

"-Passei na frente da sua casa", ela disse. "Quase toquei a campainha".

"-Por que não tocou?"

"-Tive medo de você não me receber", ela disse. "De você pensar que estou forçando um encontro".

Não receber Alice. Achar que ela queria forçar um encontro. Que heresia- da parte dela, não minha. Quando Alice passará por aqui novamente? Aguardarei essa data como a um Natal, a uma Páscoa. Será feriado no meu calendário particular: a data mais santa de todas. Uma deusa não merece menos que isso.

Mas uma deusa que tem medo do desprezo dos devotos. Isso é novidade, taí uma coisa nova no panteão.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Na depressão, à livraria

Um comentário:
Não faz muita diferença, afinal
quando já não se espera nada.
Acalme então a alma preocupada
Indo sereno pela rua transversal.

Lá fica o lar da alegria de tempos idos
o velho prédio de parede amarelada:
é que quando a vida surgia anuviada
te refugiavas em meio aos livros lidos.

Sim, para onde senão à livraria
do tédio melancólico na hora?
Assim a tristeza como que evapora
e você, aos livros, já sorria.

Versos para o espírito dorido
curiosa e insuspeita medicina;
na leitura a face se ilumina
literatura instrumento de olvido.

Enfrente a solidão que assim amua.
Não faz muita diferença afinal:
há que expurgar da tristeza o mal
na livraria do outro lado da rua.


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