This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A morte é a mesma

Um comentário:
Não quero aqui comparar Alice e Mirna. Roubaram-me o coração de seus jeitos: e cada ladra tem seu próprio modus operandi. Mas é injusto falar aqui em roubo, quando eu voluntariamente cedi, como o condenado subindo alegre ao cadafalso. O que importa é que não quero compará-las.

Essas duas nunca se conheceram e, com certeza, jamais se conhecerão. Sem tomarem conhecimento uma da outra, contudo, estão ligadas sem saber, como faces da mesma moeda, damas do mesmo baralho. Uma é a de copas, outra de espadas. Uma dá a outra tira, uma fere a outra cura. E trocam de papeis, sempre. O que era veneno em uma se tornava remédio na outra. Sem se conhecerem, eram irmãs.

Para não ficar muito confuso: Alice é anterior e duradouro, Mirna novo e rápido. Uma a garoa constante que dura uma semana, a outra a tempestade de vinte minutos que arrasa a cidade. Estão indissociavelmente ligadas porque me afastei de Alice por causa de Mirna, mas finalmente encontrei Alice pelo desencontro com Mirna.

Sem saber, uma abriu a porta para a outra. Mas que importa isso hoje, se tornaram a fechá-la?

Não quero aqui comparar Alice e Mirna. A forca ou o pelotão de fuzilamento, a morte é a mesma.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Apesar de tudo, nunca chorei

3 comentários:
Apesar de tudo, nunca chorei por Mirna, e sim por Cecília e Vanessa- e também por Alice, e já era momento de Alice pousar aqui. Porque adiei por algum tempo esse momento, porque achava ainda não estar preparado. Mas eis-nos falando em Alice, e falar em Alice sempre traz o cheiro de estrada e distância.

Vocês já imaginaram isso? Tempo e espaço conspirando contra. O Brasil profundo confunde nossa alma cosmopolita. Eu não encontraria Alice no interior, senão na megalópole, na cacofonia da cidade grande. E Alice transitava por ambos ambientes, e era o mundo, e não ela, que precisava se adaptar.

Falei sobre o tempo conspirando contra. É que é uma coisa inexorável. Quando, no poema que escreveu para mim, Alice insistia no verso "antes que amanheça...", sabia exatamente disso. Antes que, antes que, o tempo, o tirano.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Já sei por que viagens longas

Um comentário:
Já sei por que viagens longas

(falo daquelas passivas, na
janela do ônibus ou no banco do carona)

são tristes.

São tristes porque temos mais tempo
com nós mesmos

e assim passamos em revista
as velhas frustrações de ontem
o amor sem retorno
o emprego que não veio
a luta em vão
o arrependimento pela palavra dita

tentamos nos distrair,
conversar, ouvir música
ler alguma coisa

mas a lembrança
essa estranha companheira de viagem
nos segue estrada afora.

Já sei por que viagens longas
são tristes

é porque nos levam
a outra espécie de viagem.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Fica o blogueiro notificado

4 comentários:
Sr. Blogueiro

Fica V.Sa. notificado de que minha cliente, a srtª Mirna ***, não autoriza, permite ou concede que seu (dela) nome seja citado, escrito, referenciado ou lembrado nas postagens deste blog, de qualquer forma que seja. Não autoriza, permite ou concede que seja usada como musa inspiradora, nem tampouco que lhe seja atribuída a prática de despedaçar corações. Fica V. Sa. notificado de que minha cliente mal se recorda do breve espaço de tempo em que estiveram juntos e, apesar de deixar consignado aqui que foram bons momentos, já estão há muito superados pelo tempo. Minha cliente deixa claro que a insistência de V. Sa. em expor sua relação perante o público -apesar da baixíssima quantidade de leitores de vosso blog-, causa constrangimento, constrangimento alheio, inclusive, conforme ela faz questão de frisar, dado ser ridículo que um homem adulto se humilhe publicamente dessa forma como V. Sa. tem feito.

Fica o blogueiro notificado de que quaisquer sonhos que porventura venha a ter com a srtª Mirna ***, de teor afetivo ou romântico, devem ficar restritos aos devaneios pessoais de V. Sa., sendo vedada sua divulgação; já os eróticos estão mais que proibidos (notadamente por ser V. Sa., conforme minha cliente, um "devasso", expressão dela). Melhor dizendo: fica V. Sa. terminantemente proibido de trazer a srtª Mirna *** para vossos sonhos, quaisquer que sejam, mesmo os mais cândidos.

Fica o blogueiro notificado, por fim, de que o descumprimento do aqui exposto importará nas medidas judiciais cabíveis.

Nestes termos,

Dr. Clóvis Sobral Pinto Barbosa
OAB/RJ 374738192

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