Quando eu morrer e meus entes queridos vierem fechar minha conta bancária, contas de email, perfis em redes sociais, chegarão a este blog e sentirão uma leve tristeza. Pensarão: não é que ele fosse confuso. Apenas sentia demais. Ele tentou, pensarão os entes queridos, colorir um pouco isso tudo; porque é tudo tão cinza e monótono que só a literatura pode dar remédio. Mesmo que seja, pensarão os entes queridos, literatura como a dele.
Lerão cuidadosamente os posts, se perguntando quem seriam, afinal, os personagens que assombram o blog. Existiram ou mera fábula? Ele era tão reservado, pensarão consigo, que sequer lhes permitia conhecer a fundo o coração. E assim, desajeitadamente, despejava segredo após segredo- mesmo que o segredo nada significasse. É que, sem segredos, tudo seguiria cinza e monótono, já falamos acima.
Sim- já falamos acima.
E, como tudo já foi falado antes, os entes queridos, mesmo com uma pontinha de remorso, apertarão o "delete". Que os mortos enterrem os mortos.
Tejo,
ResponderExcluirA coisa mais corajosa e mais natural da vida é mudar. Enterrar os mortos é algo natural, deixar a vida fluir, não se cativa a maré! Acho que como diz minha mãe, estou desmamado, com o peito nu contar o vento. Se encerramos nossa vida ao passado, em alguma medida, engamos o futuro. Não temia nada mais que a morte do meu avô. No dia que a campainha tocou cinco horas da manhã eu sabia o que batia a porta, pulei em pé e pensei: PRONTO! Não vou desmoronar frente ao inevitável e se vão os mortos, ficam alguns vivos. Amo meu avô da mesma maneira, mas o tempo é passado.