Entusiasmado pela lua, acabei atravessando na calçada errada. Nem percebi: ao menos olhei para os lados, caso contrário ainda seria atropelado em contemplação. Que grandioso disco de prata, circunferência perfeita tal qual graças ao compasso de um gigante. Flutuava no éter ou, antes, era como um furo na abóbada escura do céu. Havia profundos sulcos: os mares lunares -rima involuntária- dos astrônomos que o povo leigo dizia serem São Jorge e o Dragão, e, não posso deixar de levantar isso, talvez os leigos sejam não o povo mas os astrônomos. Há os sulcos na lua, em todo caso, e por lá deslizavam os marcianos pouco antes da Atlântida submergir lá pelo século oitavo de Avalon.
Sem perder a lua de vista sigo caminhando, agora entrando pela esquina do Fórum. O disco de prata parecia crescer e com ele subia o ritmo das marés- céu e oceano se interligam como só a natureza sabe. E, já defronte à grande estátua de Rui Barbosa, o farol lunar por cima de tudo, pensei em como era mesmo fácil para os antigos enxergarem naquilo um deus. Jaci para os nossos índios ou Diana dos romanos, a lua é como o olhar da divindade.
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