Após Mirna era tudo terra arrasada, e foi quando conheci Gisele. Raio de sol entre nuvens, talvez fosse ela o redespertar da primavera- e foi, mas apenas durante as conversas pela madrugada, como algo novo a se revelar. Mas o destino é pródigo em nos plantar falsas esperanças.
Digo isso porque, enquanto conversávamos na praça de alimentação do shopping, a mesa de bar entre nós, a Gisele que se descortinava para mim era sóbria e taciturna, tudo que eu não precisava. Pois a terra arrasada quer agricultores e sementes e água em abundância- cuidados, em outras palavras, coisa que a máscara de indiferença de Gisele desautorizava. Exaurida, a terra devastada por Mirna pedia o adubo fertilizante que só a expectativa do novo amor pode dar.
Gisele, ao contrário, era como a agricultora distraída, que não sente a necessidade do solo. Assim fenece o pouco que sobra, o solo uma vez úmido hoje desértico, dos pomares nada mais resta que cinza. E não se erguerão de novo por causa de Gisele, camponesa relapsa.
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