Hoje me lembro que, mais cedo, pensava em escrever uma poesia sobre o mar. O motivo, prosaico, foi passar de ônibus pela orla. Foi o modo como as ondas quebravam, lenta mas resolutamente, que me despertou a inspiração. O branco da espuma e, principalmente, o desejo de sentir a maresia. Daria um bom poema.
Tinha o esquema na cabeça: verso a verso, estrofe a estrofe. Que bela poesia, pensei, será essa poesia sobre o mar. O branco da maresia e o desejo de sentir a espuma, o desejo branco e a espuma-maresia, a maresia-branca e o desejo-espuma, fusão lírica no fundo de rochas escuras. E o barulho do mar, e a ave no céu. E a areia, e... Verso a verso, estrofe a estrofe. Que belo mar, pensei, será esse mar de poesia.
Horas depois, ao tentar colocar o poema no papel, não consegui. Deu-se o branco, o branco da espuma. Deveria ter registrado da forma que pudesse, assim que os versos me vieram à cabeça, lá mesmo no ônibus, com qualquer lápis em qualquer papel, mas não o fiz: e agora desapareceram. Como a ave no céu os versos foram embora pra longe. Ou - e isso é mais violento e menos simpático - se chocaram, irremediavelmente, contra o fundo de rochas escuras.
A musa canta nas horas mais impróprias - http://www.escritavulgar.com/2011/10/musa-canta-nas-horas-mais-improprias.html
ResponderExcluirMas quando o branco acontece,,,não se consegue escrever.As vezes, está tudo na mente mas não se consegue passar.
ResponderExcluirE o mar,
é uma poesia
constante
fonte inesgotável
de inspiração
nos faz pensar
em como seria,
um instante
sem esse imensurável
poder de imensidão.
Ninféia G