Como um homem que, no leito de morte, rememora os tempos vividos, eu, agora, também olho para trás. E, vindos do passado, surgem, vaporosos, fantasmas que um dia amei. Todas elas: Vanessa morena, Cecília, Gisela que não chegou a ser, Mirna que tira o chão de nossos pés, e, na distante torre de mármore, Alice da melancolia lunar.
Há outras? Sim, vivas na lembrança do toque, da voz, do cheiro. E do olhar, às vezes o mero olhar, naquele momento em que, casualmente, olhares se encontram. Há orgasmos que esquecemos, há olhares que carregamos como marcados a brasa. Também esses fantasmas sutis vêm à tona, e o tempo lhes deixa ainda mais sutis, mais efêmeros, como algo escoando, lenta, mas inexoravelmente, pelo ralo. Estão aqui, os fantasmas, mas o tempo vai tragando-os. Tento segurá-los ao máximo.
No leito de morte do meu coração, rememoro os tempos vividos. Gosto de rememorar, mesmo estando no leito de morte, por isso tento segurá-los ao máximo. Fazem com que eu ainda me sinta vivo. É que hoje, restados o fel e a desilusão, elas todas, esses velhos fantasmas, acenam de uma época em que eu acreditava na vida.
Tsc...tsc...
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