Lembro que olhar a Lagoa pela janela do quarto era bom. Um grande espelho de prata, ao fundo amplas montanhas e as antenas piscando. As luzes causaram susto na primeira noite que lá dormimos, na sala ainda desorganizada da mudança: piscando intermitente nas paredes, davam um ar espectral. Mas tudo compunha o mesmo grandioso cenário.
Dos anos em que morei lá, a primeira vez que olhei a Lagoa pela janela foi especial. Era já entardecer, o espelho de prata meio áureo-brônzeo, pessoas lá embaixo passando em cooper. E, na cobertura do prédio vizinho, uma moça -morena e ainda adolescente, short e top minúsculos- recolhia as roupas no varal. Era a empregada doméstica da casa, pela desenvoltura com que lidava com as tarefas, do varal passando à vassoura e daí para os cuidados com os vasos de planta.
Por acaso há prazer voyeurístico maior, que observar uma moça realizando afazeres domésticos tendo ao fundo o sol se pondo sobre a Rodrigo de Freitas argênteo-áureo-brônzea?
Tudo compunha o mesmo grandioso cenário, a moça, amplas montanhas, antenas piscando. E o cooper lá embaixo, se você prefere visões mais triviais.
TEXTO QUE DESCREVE E RELATA, MEUS PREFERIDOS.
ResponderExcluir