Daí ela diz, "meu coração está congelando".
Nem o frio polar, nem o frio mais antártico possível... Nem o frio de Plutão poderia congelar aquele coração. Mas ela diz, "meu coração está congelando". E eu acredito. Acendamos uma lareira do tamanho do mundo- mas isso bastará?
E não é só. Ela prossegue, "se você está com alguém, sente falta de espaço, de liberdade, se está solteiro, às vezes sente falta de alguém". Entendo essa contradição. E, por isso, não a recrimino. Já me senti assim muitas vezes. Essa sensação, a de uma pedra gelada, e não um órgão vivo, batendo no peito. Não é uma sensação agradável: parece haver apenas escuridão ao redor onde, na verdade, haveria cor. Mas já não há cores senão o cinza do coração gelado.
Queria dar cor a esse mundo. Aquecer esse coração, devolver-lhe a vida. Fazê-la sorrir e, olha só, ela que reclama do gelo pode, ela mesma, com um mero sorrir incendiar esse mundo.