Quando Bruna veio o caos já havia passado. Mirna deixara terra arrasada, mas é da vida que a primavera volte sempre. Foi uma estadia no inferno, como a de Rimbaud, mas já escavei de volta à superfície, e eis o sol forte aqui de novo, passada a hecatombe mirniana, e eis Bruna e eu tomando um suco.
Mirna foi loucura, ela concorda, ela de tanta força sob a aparência frágil. A figura pequena de Bruna não faz jus a seu temperamento, a seu vigor. Além da força, carrega insuspeitamente uma sabedoria profunda. E com ouvidos sábios ouvia meu rosário de lamentações.
Mas há que lamentar? A tragédia mirniana pra trás, eu e Bruna ouvindo jazz na praça. Já noite já lua. E é tão natural estar com Bruna, que do sorriso para o toque é um pulo, uma coisa leva a outra e eis o beijo. E o jazz na praça e a cerveja, e o cigarro entre beijos. E os prédios do centro da cidade, e o meio-fio para mais cerveja no pé-sujo. Jazz e Bruna, uma coisa leva a outra. E eis-nos no quarto.
Foi mesmo muita cerveja e hoje já não me recordo muito. Mas da penumbra daquela noite sempre me lembrarei das pernas de Bruna me apertando fortes, enquanto eu gozava, fundo, nela.
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