Uma coisa que acho engraçada, quando penso em Mirna, é que talvez nunca venha a saber o quanto foi importante. Não culpa minha, em mostrar, mas dela, em perceber. Muito amor dado em vão para quem não merece. Então no instante da revolta eu me lembro do bíblico "não jogar pérolas aos porcos" e a heresia, contra o mito cristão e contra Mirna, me satisfaz por um tempo. Até que a maldita música volte, os malditos lugares ressurjam, e as recordações abram caminho novamente. E a heresia dá lugar à contrição.
O amor dado a Mirna não foi pérola aos porcos. "Eu nunca, nunca mesmo, queria te fazer infeliz", ela disse, "se for para isso prefiro colocar a cabeça no lugar". E quem diz algo assim possui uma nobreza insuspeita, ao menos que seja fingimento. Mas isso tudo é indiferente. Afinal, não há que ter revolta: ao amor basta amar. Ser correspondido é mero detalhe. E pérolas valerem muito, e porcos pouco, são apenas juízos de valor, preconceitos repetidos desde a Bíblia. Se há pérolas nessa história, eram os dentes de Mirna ao sorrir.
"Ao amor basta amar" Uma verdade. Basta amar.
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