Vão me perguntar se valeu a pena e direi, claro, óbvio que sim. O final foi seco: não quero mais, ela disse, ok, respondi. Era mentira -minha- mas nada diferente podia ser dito: o amor deve fluir, não serei eu a segurá-lo. Seca, muito seca -ela- e em segundos tudo que se construía em pensamento -filhos e casa, e empregos e carros- tudo desapareceu. Nenhum vestígio. Não quero mais, ela disse, ok, respondi.
Você já fugiu disso? Te chamarei: és covarde. Não me leve a mal. Mas ter medo disso é ter medo da chuva raios sol vento onda pássaros árvores meteoros folhas flores neve. É ter medo da vida, enfim, e vida que se vive com medo da vida não é vida senão morte.
Você tem medo de respirar?
De comer?
De domir?
Também não deveria ter de amar. É outra função vital. Sem isso, não vivemos.