Ela vai embora, e fico estirado na cama. Deixou-me a sós com a poeira e os pensamentos. O quarto acaba por lembrar um cenário de guerra, não apenas pelo caos -não metafórico- do ambiente como pela batalha travada, essa prazerosa porém. Mas também caótica: o caos está sempre presente quando homem e mulher se encontram, e não é na ordem e na harmonia que se conciliam os corpos ofegantes.
Ela deixa nosso pequeno reino de caos e volta para sua vida.
Penso: ela não gostou. O caos foi demais pra ela, não apenas a poeira e os livros pelo chão, ou sequer as paredes descascadas e o cheiro dos cachorros: o caos do meu próprio coração outrora seguro mas hoje reconhecidamente frágil.
Há que juntar os cacos, pedacinho por pedacinho. Fosse cerâmica chinesa. Do caos dos fragmentos espalhados, podemos chegar lá: na paz beatífica. E talvez ela volte, para desarranjar novamente a ordem recém-conquistada.
Afinal, o caos ganha sempre. A ordem é a exceção: é quando Deus está distraído.
Nenhum comentário:
Postar um comentário