This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

sábado, 9 de junho de 2012

Oceanírico

Já sonhei muitas vezes com amplidões marítimas, então aquele sonho não foi exatamente algo inusitado. Para onde quer que se olhasse, só se via mar: água tomando tudo, ruas e casas, igrejas e cemitérios, puteiros e tribunais. Um tsunami intenso, resoluto- e limpo. As águas eram de um azul-leitoso claro, suaves, como só águas de sonho podem ser. E tampouco eram águas de fúria. Ao contrário, cobriam a Humanidade com um quê de toque materno, como um cobertor cálido e amoroso.

Vocês já tiveram sonhos assim? Para onde quer que se volte os olhos, a imensidão das águas. A vastidão azul-leitosa, tão ampla que -paradoxo!- dá claustrofobia. O mundo como o conhecemos afogado, Atlântida redescoberta, o Rio como cidade submersa, em "Futuros Amantes" de Chico Buarque. O líquido superando o sólido. A água vence o concreto.

Estar cercado de águas, como uma ilha humana, não é uma sensação ruim. Os analistas que interpretem o simbolismo. A vida veio das águas, a evolução darwiniana nos mostrou. A expressão "oceano primordial" -não é um termo meu- está ecoando em minha cabeça nesse exato momento e talvez seja isso mesmo, a nostalgia atávica do oceano primordial.

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