This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O mau ator

De Cecília por ora digo o seguinte: ela não amava a mim mas sim quem ela gostaria que eu fosse. Pois construiu, em sua alma de princesa tirana, um personagem de quinta e queria, eu, a representá-lo. De amante a ator: a Broadway dos corações enganados. Através de seus óculos cor-de-rosa eu recitava as falas que ela, como diretora teatral, empurrava em minhas mãos, e a pantomima prosseguia.

Ah, atores e dramaturgos desde a Grécia antiga! Sófocles perde. Com Cecília eu era apenas o que ela queria que eu fosse. Tentei romper o script; lágrimas. Tentei sair de cena; gritos e ranger de dentes. Tentei fechar as cortinas mas a plateia, uivando raivosa, lá estava exigindo que eu continuasse. E, pesaroso, eu deixava a ópera-bufa prosseguir, Cecília manipulando-me nas cordas como a um boneco.

Era preciso aproveitar a menor ocasião. Segundos para a troca de figurino- a oportunidade exata para fugir portas afora. Porque de Cecília por ora digo o seguinte: assim você não, você não pode ser feliz.

2 comentários:

  1. E você nem sabe: já estão ficando com ciúmes das minhas musas. Se elas são (ou foram) reais ou pura fantasia? Já falamos sobre isso...rs

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...