Esperava a ligação dela, impacientemente. Passado o encontro, com companheiros de uma força política, a ansiedade, esquecida momentaneamente, voltou com tudo. Despedi-me dos companheiros e tomei lentamente o rumo de casa, conferindo de minuto a minuto o celular, esperando o chamado, o recado, algo qualquer. Cinelândia, Passeio Público. E a fome (dela também, mas me refiro à do estômago), e parei em uma padaria. Salgados e pães muito pouco apetitosos, alimento pouco apetecível ao espírito; mas era tarde e outras opções não havia, era preciso mandar algo pra dentro, saco vazio não para em pé. Pedi um sanduíche de presunto, presunto azedo, percebi já nas primeiras mordidas, empurrei pra dentro o máximo que consegui ajudado pelo refresco aguado de maracujá. E retomei o rumo de casa.
Nada de Mirna dar notícias. Subia as ruas como um bêbado, cambaleando agora não só de fome como de enjôo, o sanduíche caíra muito mal no estômago. Mas é só o celular tocar e tudo passará, tem sido assim com ela, as pequenas coisas se tornam ainda menores quando se fala com Mirna. Mirna, a menina com o dom de apequenar todo o resto. Eu? O contrário, com ela me sentia grande.
Já em casa, no quarto. Recomposto, banho tomado, estirado na cama- e é agora que Mirna entra em contato, a mensagem direta na tela de brilho suave do celular, "você vai me ligar?", como não, minha menina, tudo se apequena outra vez e já estou cá discando os números.
Adorei. Ao fim do texto um sorriso bobo me veio ao rosto de tão lindo que achei o último parágrafo.
ResponderExcluirMuito bom, sensível e eloquente. Adorei!
ResponderExcluirRaquel