This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A Lagoa pela janela do quarto

Lembro que olhar a Lagoa pela janela do quarto era bom. Um grande espelho de prata, ao fundo amplas montanhas e as antenas piscando. As luzes causaram susto na primeira noite que lá dormimos, na sala ainda desorganizada da mudança: piscando intermitente nas paredes, davam um ar espectral. Mas tudo compunha o mesmo grandioso cenário.

Dos anos em que morei lá, a primeira vez que olhei a Lagoa pela janela foi especial. Era já entardecer, o espelho de prata meio áureo-brônzeo, pessoas lá embaixo passando em cooper. E, na cobertura do prédio vizinho, uma moça -morena e ainda adolescente, short e top minúsculos- recolhia as roupas no varal. Era a empregada doméstica da casa, pela desenvoltura com que lidava com as tarefas, do varal passando à vassoura e daí para os cuidados com os vasos de planta.

Por acaso há prazer voyeurístico maior, que observar uma moça realizando afazeres domésticos tendo ao fundo o sol se pondo sobre a Rodrigo de Freitas argênteo-áureo-brônzea?

Tudo compunha o mesmo grandioso cenário, a moça, amplas montanhas, antenas piscando. E o cooper lá embaixo, se você prefere visões mais triviais.

Um comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...