This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Pensarão os entes queridos

Quando eu morrer e meus entes queridos vierem fechar minha conta bancária, contas de email, perfis em redes sociais, chegarão a este blog e sentirão uma leve tristeza. Pensarão: não é que ele fosse confuso. Apenas sentia demais. Ele tentou, pensarão os entes queridos, colorir um pouco isso tudo; porque é tudo tão cinza e monótono que só a literatura pode dar remédio. Mesmo que seja, pensarão os entes queridos, literatura como a dele.

Lerão cuidadosamente os posts, se perguntando quem seriam, afinal, os personagens que assombram o blog. Existiram ou mera fábula? Ele era tão reservado, pensarão consigo, que sequer lhes permitia conhecer a fundo o coração. E assim, desajeitadamente, despejava segredo após segredo- mesmo que o segredo nada significasse. É que, sem segredos, tudo seguiria cinza e monótono, já falamos acima.

Sim- já falamos acima.

E, como tudo já foi falado antes, os entes queridos, mesmo com uma pontinha de remorso, apertarão o "delete". Que os mortos enterrem os mortos.

Um comentário:

  1. Tejo,
    A coisa mais corajosa e mais natural da vida é mudar. Enterrar os mortos é algo natural, deixar a vida fluir, não se cativa a maré! Acho que como diz minha mãe, estou desmamado, com o peito nu contar o vento. Se encerramos nossa vida ao passado, em alguma medida, engamos o futuro. Não temia nada mais que a morte do meu avô. No dia que a campainha tocou cinco horas da manhã eu sabia o que batia a porta, pulei em pé e pensei: PRONTO! Não vou desmoronar frente ao inevitável e se vão os mortos, ficam alguns vivos. Amo meu avô da mesma maneira, mas o tempo é passado.

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...