This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Fantasmas que um dia amei

Como um homem que, no leito de morte, rememora os tempos vividos, eu, agora, também olho para trás. E, vindos do passado, surgem, vaporosos, fantasmas que um dia amei. Todas elas: Vanessa morena, Cecília, Gisela que não chegou a ser, Mirna que tira o chão de nossos pés, e, na distante torre de mármore, Alice da melancolia lunar.

Há outras? Sim, vivas na lembrança do toque, da voz, do cheiro. E do olhar, às vezes o mero olhar, naquele momento em que, casualmente, olhares se encontram. Há orgasmos que esquecemos, há olhares que carregamos como marcados a brasa. Também esses fantasmas sutis vêm à tona, e o tempo lhes deixa ainda mais sutis, mais efêmeros, como algo escoando, lenta, mas inexoravelmente, pelo ralo. Estão aqui, os fantasmas, mas o tempo vai tragando-os. Tento segurá-los ao máximo.

No leito de morte do meu coração, rememoro os tempos vividos. Gosto de rememorar, mesmo estando no leito de morte, por isso tento segurá-los ao máximo. Fazem com que eu ainda me sinta vivo. É que hoje, restados o fel e a desilusão, elas todas, esses velhos fantasmas, acenam de uma época em que eu acreditava na vida.

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