This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A voz no escuro

Acordei com minha mãe me chamando. Foi um chamado límpido, claro, bem direto ao ouvido. Abri os olhos na semiescuridão do quarto e tentei me situar. De novo a voz dela me chamando- vinha de fora do quarto. Ainda sonolento me levantei e fui em direção à porta, quando ouvi, pela terceira vez, o chamado. Ninguém na sala; todos pareciam ainda estar dormindo. O chamado -o quarto- vinha, suave, da cozinha. Pois bem, me aproximei: a porta da cozinha estava entreaberta e, pela fresta, o que se via era uma profunda escuridão. Ainda assim era de lá que vinha a voz de minha mãe, já pela quinta vez.

Lembrei-me de um episódio que li sobre Marco Polo. Em suas andanças pela Ásia, atravessara um deserto famoso por iludir viajantes. Algum infeliz, geralmente dentre os retardatários da caravana, era chamado pelo nome. Intrigado com aquilo, seguia a misteriosa voz e acabava por se perder dos demais, para nunca mais ser encontrado. Aquela história veio à minha mente naquela fração de segundo, e, primeiro, me arrepiei para, em seguida, disparar rumo ao quarto da minha mãe. A pobre estava lá, dormindo tranquilamente, e não entendeu nada.

Bem, as aventuras de Marco Polo podem afetar meninos impressionáveis. E cérebros sonolentos pregam peças aos sentidos. Ou seria algum espírito dos confins do deserto de Gobi extraviado cá no Rio de Janeiro? Não sei, hoje não acredito nessas coisas. Mas, naquele dia, que ouvi, ouvi. Acredite- se quiser.

2 comentários:

  1. Querido, semana passada depois de finalmente ter conseguido dormir tranquilamente, escutei minha falecida mãe me chamando por 2x como se tivesse agonizando para morrer. A única coisa que pensei na hora foi rezar uma Ave Maria.

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  2. Há mais coisas entre o céu e a terra... rs

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