This story is fiction, and any events or near-similar events in actual life which did transpire have not prejudiced the author toward any figures involved or uninvolved; in other words, the mind, the imagination, the creative facilities have been allowed to run freely, and that means invention, of which said is drawn and caused by living one year short of half a century with the human race . . . and is not narrowed down to any specific case, cases, newspaper stories, and was not written to harm, infer or do injustice to any of my fellow creatures involved in circumstances similar to the story to follow.


(Charles Bukowski, "The Murder Of Ramon Vasquez")

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Se há pérolas nessa história

Uma coisa que acho engraçada, quando penso em Mirna, é que talvez nunca venha a saber o quanto foi importante. Não culpa minha, em mostrar, mas dela, em perceber. Muito amor dado em vão para quem não merece. Então no instante da revolta eu me lembro do bíblico "não jogar pérolas aos porcos" e a heresia, contra o mito cristão e contra Mirna, me satisfaz por um tempo. Até que a maldita música volte, os malditos lugares ressurjam, e as recordações abram caminho novamente. E a heresia dá lugar à contrição.

O amor dado a Mirna não foi pérola aos porcos. "Eu nunca, nunca mesmo, queria te fazer infeliz", ela disse, "se for para isso prefiro colocar a cabeça no lugar". E quem diz algo assim possui uma nobreza insuspeita, ao menos que seja fingimento. Mas isso tudo é indiferente. Afinal, não há que ter revolta: ao amor basta amar. Ser correspondido é mero detalhe. E pérolas valerem muito, e porcos pouco, são apenas juízos de valor, preconceitos repetidos desde a Bíblia. Se há pérolas nessa história, eram os dentes de Mirna ao sorrir.

Um comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...